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Channel: Artigos – Blog do Amstalden

O choro do covarde. Por Luis Fernando Amstalden

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É, finalmente você tem chorado…
Mas não foi quando milhares morriam na pandemia.
Não foi quando muitos agonizavam sofridamente por falta de oxigênio em Manaus.
Não foi quando muitos foram soterrados ou perderam suas casas pelas chuvas torrenciais.
Não foi quando as matas queimaram no dia do Fogo e nem quando indígenas foram assassinados ou morreram de fome e doença premidos pelos garimpeiros e desmatadores…
Nessa época você andou de jet ski, riu e ironizou a falta de ar dos doentes, disse que não era Messias capaz de ressuscitar ninguém, disse que não era coveiro e perguntou:” e daí?”
Naquela época em que muitas pessoas inclusive não estavam podendo comer direito por conta da inflação, você disse que nós éramos um país de maricas  e perguntou até quando iríamos chorar.
É, naquela época, quando nós chorávamos os nossos mortos e eu chorei por seis levados por aquela maldita doença, você tentava demonstrar uma coragem que não tem, que na verdade era indiferença.
A indiferença de quem já havia afirmado que sua profissão era matar. A indiferença de quem nunca trabalhou e além de receber salários antiéticos de políticos, ainda desviava dinheiro de seus funcionários.
A indiferença e a arrogância de quem sempre ficou impune até quando traiu o próprio exército.
Mas agora, agora que você perdeu o poder, você chorou porque não acreditava que isso iria acontecer e por que se esforçou muito para tentar permanecer no poder, fosse distribuindo injustamente dinheiro que não é seu, fosse criando Pânico sobre uma possível ditadura comunista e por fraude nas urnas.
Agora você chora porque todo seu projeto de ditadura falhou. Falhou esse seu projeto apoiado em militares, em falsos líderes religiosos que hipnotizam o povo, em conservadores de classe média e baixa que são frustrados e precisam descarregar sua frustração criando um inimigo imaginário e um Salvador mais Imaginário ainda.
E com essa falha você chora porque tudo aquilo que fez na cara de pau, esperando perpetuar-se no poder, está sendo demonstrado e pode vir a condená-lo.
É claro, Você ainda tem chances. Você recebeu R$ 17 milhões de pessoas que são, algumas delas, ingênuas, mas também de outros que são racistas, que querem manter sua riqueza em cima da pobreza alheia, que querem saquear o meio ambiente mesmo que isso signifique a morte de milhões de seres no presente e no futuro. Você recebe dinheiro de líderes religiosos e de fiéis enganados que publicaram Bíblias com suas fotos e negociaram favores em troca de barras de ouro. Você ainda recebe apoio de pessoas fanatizadas pela farda que acreditam que são superiores aos demais e que querem manter esses privilégios e se possível, matar impunemente. Pessoas que querem invadir escolas e apontar  um revólver para as professoras porque não receberam lembrancinha de Dia dos Pais e tem medo de serem destituídos dos seus privilégios machistas.
Você ainda tem o apoio de Altos militares saudosos do tempo em que podiam torturar e que também tem muitos privilégios a manter.
Para manter seus idólatras você tem tentado retomar a ideia de homem simples e até ingênuo, tomando café com leite em um copo e mastigando pão com manteiga, com cara de um pobre idoso aposentado.
Talvez esses apoiadores E essa cara forjada de homem simples, consigam manter você fora da cadeia e Rico.
Mas nada vai mudar o fato de que você não chora porque está sendo  perseguido. Você chora porque é um covarde e  tem medo.
Você chora porque subiu demais nos seus privilégios e na sua arrogância e agora sente o medo de quem pode perder tudo.
Você chora porque é, afinal, o frouxo covarde que disse que nós éramos quando chorávamos o que não podíamos estar com nossos entes queridos pela última vez em seu leito de morte e mal podíamos enterrá-los com dignidade e com nossa presença.
As suas lágrimas só demonstram isso: nós não éramos os fracos covardes. Você é!


Da guerra. Por Luis Fernando Amstalden

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É, eu sei. Você acha a guerra excitante e atraente, não é?

Não, eu não estou chamando a sua atenção. Eu entendo. Todos nós temos dentro de nossas mentes um certo desejo de destruição, de matança. Todos nós temos dores, frustrações e até estresse que nos faz querer, as vezes, agredir e pegar em armas destruindo tudo e todos a nossa volta. Isso não é novidade, sabe? Vem desde há muito tempo. E com a tecnologia, desde filmes chamados de “ação” ou “aventura” e ainda os games, fica ainda mais “desejável” e excitante a ideia de lutar em uma guerra.

Mas, você já viu alguém morrer? Já esteve ao lado de alguém agonizando e lutando para respirar? Eu já…

E vou lhe contar: não há nada de excitante, empolgante e bonito nisso. Não há nada de glorioso. Não, eu não vi uma pessoa morrer vítima da violência. Vi morrer de uma doença que foi violenta e cruel, mas não foi uma morte provocada por outros seres humanos. E esse segundo tipo de morte é pior, bem pior…

Nos games e nos filmes, alguém é atingido por balas ou bombas e simplesmente “apaga”, mas na guerra não é assim. Alguns até tem essa “sorte”, mas não a maioria. A maioria agoniza dolorosamente, sem os remédios que tiram a dor como a da pessoa que eu vi expirar.

Morrem com dor, entre sangue, fezes, urina, as vezes vendo seus membros arrancados ou suas entranhas espalhadas. Alguns são soterrados ou abandonados sem socorro e levam muito tempo para morrer, sentindo o desespero da solidão e do desamparo além da dor da sede e da fome. Muitos morrem gritando por suas mães ou clamando para perderem logo a consciência. Não é mito glorioso, não é?

E falando em fezes e urina, não é só ao morrer que um combatente perde o próprio controle sobre elas. Inúmeros relatos confirmam que em meio a bombardeios ou tiroteios, perde-se o controle sobre a bexiga e os intestinos.

Aliás, você já ouviu o assobio de um projétil passando por você?  Ou esteve perto de uma detonação de explosivos? Eu já.. e não foi na guerra. As balas foram em um treinamento e a detonação em uma pedreira em que eu senti o chão tremer antes de ouvir o barulho. E em ambas as situações eu senti medo de perder o controle e sair do abrigo me expondo. Agora imagine isso  o tempo todo, todo dia, por muito tempo.

Imagine que não são só os que quiseram estar na luta que morrem assim, mas também civis, mulheres, crianças e animais. Morrem desesperados e gritando na sua frente e muitas vezes você não pode fazer nada e em outras, o que é pior, foi você que causou as mortes.

Penso que se você não for um psicopata ou um sádico, não iria gostar de estar nessa situação, que é bem diferente da maioria dos filmes e de todos os games, não é verdade?

Mas não me tome por um pacifista radical. Existem situações extremas nas quais temos que nos defender, como pessoas ou como povo, com ou sem armas. Porém, acredite, antes disso, é melhor, muito melhor buscar as causas do que pode nos ameaçar e resolvê-las pacificamente antes de um conflito. E isso, por sua vez, inclui entender, as vezes, a própria agressividade que trazemos dentro de nós e também, as vezes, as injustiças das quais consciente ou inconscientemente, somos beneficiários ou vítimas e buscar a solução sem violência.

Caso contrário, vamos nos tornando monstros insensíveis deixando nossos medos se transformarem em dor, a dor em ódio e o ódio em vingança que vai gerar mais medo e assim por diante, em um ciclo sem fim.

E acredite, isso é o inferno. E você acabará gerando e vivendo esse inferno para si e para os demais, sem mesmo precisar de uma entidade espiritual que muitos chamam de “demônios”.

Os demônios serão você e os outros. E o inferno e será a guerra.

Uma onda de solidariedade. Por Luis Fernando Amstalden

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Acho que eu nunca escrevi diretamente no blog que infelizmente estou sofrendo de uma doença degenerativa na retina, de origem genética, que vai tirando a minha capacidade visual.

Não estou totalmente cego, mas vejo tudo desfocado e borrado e isso foi um duro golpe. Em parte foi por isso que eu deixei o blog com muito poucas publicações, porque tive que me adaptar usando aplicativos de escrita automática como este que uso agora, e também aplicativos de leitura que me permitem ouvir textos e até livros.

Eu nunca passei pela revolta ou mesmo pela negação, mas tive que enfrentar uma forte depressão como todos e todas que passam por este problema e também por outros problemas de saúde que de alguma maneira nos limitam.

Mas o mais difícil foi que essa deficiência tirou oportunidades de trabalho exatamente em um momento em que a profissão de professor está menos valorizada do que quando eu comecei E também porque vivemos em um mundo no qual um vídeo do Tik Tok é mais valorizado do que uma reflexão mais profunda. Confesso que tenho dificuldade em me adaptar a esse tipo de aula rápida e, no meu entender pouco profunda, que muitas escolas e instituições estão exigindo. E para piorar minhas aulas na instituição na qual eu ainda leciono foram diminuindo progressivamente junto com o salário.

Desde 2016 eu venho tentando encontrar trabalho na área e também em outras além de escrever projetos de palestras e outras atividades culturais a fim de poder manter o meu sustento. Mas o que surgiu foi muito pouco e temporário e as despesas embora modestas, foram ampliadas por consultas médicas, pela inflação e por outras necessidades que a deficiência exige, como por exemplo ter alguém que me ajude pelo menos uma vez por semana a gerenciar minha casa.

Com tudo isso e mais a pandemia, tive que recorrer a ajuda de amigos e amigas a quem eu ainda estou devendo, mas o fato é que no início desse mês de outubro eu fiquei praticamente sem nenhum recurso disponível e com dívida no cheque especial.

Na última terça-feira, dia 10 de outubro, em uma atitude um tanto desesperada, eu pedi ajuda para manter o blog e a mim mesmo além de ajuda para encontrar novos postos de trabalho e fontes de renda.

Confesso que fiz isso com muita vergonha não somente porque eu sei que a maioria de vocês está também lutando, mas também porque sei que muito mais gente precisa.

Para meu espanto, porque sinceramente eu não esperava uma resposta tão boa, Comecei a receber pequenas doações e muitas mensagens e contatos de solidariedade e oferecendo ajuda para encontrar espaços Nos quais eu possa exercer alguma função remunerada..

Foi uma verdadeira onda de solidariedade que me deixou paralisado. Eu nunca imaginei que tanta gente se envolveria até porque eu sei que sempre fui um bocado polêmico, sempre optei por pensar de maneira independente e muitas vezes eu cobrei dos meus alunos e alunas aquilo que eu estava ensinando, o que nem sempre resultava em aprovações. Sobre este último tema, o que eu posso dizer em minha defesa é que nunca cobrei o que eu não houvesse ensinado e sempre me coloquei totalmente à disposição para explicar e ensinar quantas vezes fossem necessárias.

E no entanto vieram depoimentos públicos e privados sobre minhas aulas e o que eu consegui ensinar. Eu nunca esperei tanto porque eu tenho consciência de que fui muito abençoado por grandes professores e professoras gente muito melhor do que eu que me formou e assim não me percebo como excepcional e nem mesmo no nível deles.

De qualquer maneira, recebi contribuições suficientes para me manter de maneira modesta e sem gastos extras até o final do ano e eu não tenho como agradecer. Mas mais importante do que as contribuições em dinheiro, veio ajuda para divulgar as atividades que posso exercer e isso é fundamental, porque eu não quero, não posso e não vou viver de doações. Veio Inclusive a oferta de uma assessoria jurídica para avaliar as formas pelas quais possa aposentar por invalidez ou não mas continuar a exercer algum tipo de atividade legalmente permitida e que gere alguma renda extra.

Mas agora, permitam-me tentar retribuir de alguma maneira. Afinal, na língua portuguesa, quando nós agradecemos, dizemos “Muito obrigado” O que significa que nós estamos nos colocando na obrigação de retribuir de alguma maneira o bem que estamos recebendo.

Eu não tenho como, de forma individual, retribuir tanto as doações quanto a ajuda que estão vindo de outras maneiras, Na verdade eu nem consigo enxergar o consultar o nome de todas as pessoas que me ajudaram e nem os valores, mas para ser sincero também não quero saber dos valores porque provavelmente muitos deram pouco, mas também tem muito pouco. Porém eu posso retribuir coletivamente.

A partir de agora eu estou oferecendo, sem custo, uma palestra para alunos de escola pública sobre concentração nos estudos e também uma roda de conversa para professores e professoras de escolas públicas a respeito da violência e dos ataques recentes que tem acontecido no ambiente escolar.

Essa é uma forma de direcionar essa onda de afeto e solidariedade que vocês me proporcionaram, para outras pessoas que não tem condições de pagar pelos serviços que eu posso prestar. Na verdade eu nunca me neguei a esse tipo de atividade e Perdi as contas de quantas vezes falei gratuitamente em escolas públicas e outras instituições.

Mas sempre respondi a convites para Essas atividades e agora estou oferecendo de maneira que cada um de vocês que porventura tenha me ajudado ou apoiado de qualquer maneira, possa ver a sua ajuda te espalhar e quem sabe produzir outros frutos mas duradouros.

Se eu conseguir palestras de atividades remuneradas, também vou fazer uma Palestra Gratuita para cada remunerada que conseguir.

Desta maneira eu propago a onda que me tirou do mar profundo e me levou quase até a praia. E quem sabe eu consiga gerar outras ondas que façam o mesmo por outras pessoas.

Se você exerce alguma função em escola pública ou tem seus filhos numa delas ou ainda contatos com essas escolas, basta entrar em contato por mensagem aqui ou ainda pelas redes sociais e pelo e-mail; lfamst@uol.com.br

Para encerrar devo dizer que vocês que me ajudaram de alguma maneira e que falaram de minhas aulas e do que eu pude ensinar fizeram muito mais do que vocês imaginam.

Vocês deram sentido a toda uma vida de educador que no passado eu até tive chance de deixar, mas na qual decidi permanecer…

Ps: se você quer saber mais sobre o conteúdo e a metodologia destas palestras ou mesmo de outras atividades que eu posso exercer ju.nto à instituições de empresas, por favor utilize as mesmas formas de contato

Lá como cá – Gaza ao nosso lado. Por Luis Fernando Amstalden

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Estamos  todos chocados com as imagens e as notícias que vem do Oriente Médios. AS famílias e bebês massacrados em Israel, os reféns sequestrados e também as crianças, mulheres e civis mortos na Faixa de Gaza, bem como os hospitais em colapso, a fome, a destruição e os deslocamentos forçados.

E ainda podemos imaginar o que não vemos ou sobre o que não ouvimos falar, como os doentes crônicos ou feridos em Gaza que vão agonizar lentamente e também os feridos em Israel que talvez não sobrevivam. E de ambos os lados talvez alguns de nós consigam entender melhor as marcas profundas e indeléveis que os traumas de guerra deixarão em todos, independentes de serem israelenses ou palestinos. Traumas que demorarão muito tempo para serem superados ou que nunca o serão totalmente. Traumas que vão se converter  em medo de medo em ódio e de ódio em vingança em um ciclo sem fim.

Aberta ou secretamente, nós que estamos distantes, nos alegramos por, apesar de tudo estarmos longe do conflito, longe de Gaza. Mas nós não estamos.

Da mesma maneira que, em Gaza, dois milhões de pessoas vivem de forma precária, na pobreza, dependendo de ajuda humanitária, com pouco acesso a água e serviços, no Brasil são muito mais. E da mesma maneira que lá, a maioria é jovem. A maioria é de uma juventude e infância que não vê perspectivas de saírem daquela situação a não ser pela violência. A maioria, aliás, assim como em Gaza ou mesmo em muitas regiões em Israel e até nos assentamentos ilegais na Palestina, já pensam que a violência é normal, natural e o ódio e a vingança são atitudes socialmente positivas.

Em Gaza o Hamas e outros grupos terroristas capitalizam o ódio e vivem da pobreza. Controlam a ajuda que chega e dominam as armas que adquirem ou recebem de fora. Aqui é o crime organizado que faz isso. Lá, o Hamas impõe a lei de maneira informal e aqui são os traficantes e milicianos, uma vez que o Estado e a justiça formal não chegam a eles.

Lá muitos jovens e crianças que viram os seus morrerem, idolatram o Hamas e sonham em ter fuzis que lhes confiram uma sensação de poder, ascensão e controle. Aqui ocorre o mesmo, porém a idolatria  não é  à um grupo político, mas um grupo de tráfico, roubos e assassinatos por dinheiro.

Gaza é fruto de uma tensão que nós tornamos invisível, de uma incompreensão que nos faz vermos uns aos outros como “não humanos” e que queremos resolver pela força, pelas armas, quando temos que resolver através de vida digna para todos.

Nós vemos Gaza pela televisão, a milhares de quilômetros de distância. Mas fechamos os olhos às “Gazas” que são nossas vizinhas…

PS: recentemente eu pedi ajuda para manter esse blog e a mim como articulista. Muitas pessoas o fizeram, para a minha gratidão sem fim. Se você não o fez ou não tomou conhecimento de meu pedido e achar que esse artigo e os demais do Blog valem a pena, faça uma contribuição de qualquer valo pela chave pix: lfamst@uol.com.br

Muito obrigado.

Luis Fernando

Os jovens, a fragilidade e o nazismo. Por Luis Fernando Amsalden

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Quando eu lecionava História para o ensino médio, ao explicar a ascensão do nazismo e do fascismo nas décadas de 1920 a 1930, fazia um exercício de imaginação com eles. Escolhia alguns alunos e pedia que eles se colocassem no lugar dos italianos e alemães depois da primeira guerra mundial. Os primeiros não receberam nada do quinhão dos espólios do Tratado de Versalhes e os segundos pagaram um alto preço econômico e territorial pela derrota.

Ambos os “personagens” estavam desempregados, como de fato boa parte da população daqueles países na época e sentiam-se injustiçados pelas circunstâncias.

Então, insistindo para que eles mentalizassem a cena, eu perguntava como eles se sentiriam se vivessem na época. Todos diziam que estariam desanimados, deprimidos e revoltados.

Daí eu “apresentava” o discurso dos fascistas e nazistas. O discurso de que o povo, que sentia-se mal e estava na pobreza, não era culpado pela sua situação. Que, ao contrário, eles eram “racialmente puros” e superiores (os alemães) e também herdeiros de um grande império, o Império Romano (no caso dos italianos) e do Sacro Império Romano Germânico (alemães).

Eu mostrava como o fascismo e o nazismo prometiam sua valorização, sua elevação e um futuro brilhante dada a sua superioridade que seria resgatada através da ordem, da disciplina e da violência que eliminaria os “inferiores” que agora os oprimiam.

Mostrava ainda a estética daqueles partidos, baseada no resgate e na reinterpretação de símbolos tais como a cruz suástica, o feixe de lictor, a águia romana e até runas nórdicas e chifres de touro (todos símbolos de força e superioridade). Mostrava como os militantes fardados pareciam representar força, ordem, disciplina e beleza em suas  insígnias e agrupamentos. Mostrava coo isso resgatava a ideia de força, beleza e auto estima para quem estava fraco, deprimido e sentindo-se excluído.

Claro, eu explicava também o grande engano que isso representou e a catástrofe mundial que causou. E assim, penso eu, conseguia explicar uma parte dos motivos da ascensão dos partidos totalitários. Um parte, é lógico, uma vez que haviam outros motivos que eu também explicava.

No último dia 22 de outubro, um jovem invadiu armado a escola na qual estudava e matou uma colega além de ferir outras duas. Foi o décimo primeiro ataque deste tipo somente em 2023.

E esse jovem se considerava um nazista.

Chegou a fazer uma suástica na pele com lâminas de barbear para provar sua adesão a outros jovens que também se acreditam nazistas em fóruns da internet.

Claro que existem muitos motivos para que esse jovem, os outros e também aqueles que estão ocultos na net, se identifiquem com esse tipo de ideologia.

E cada motivo tem sua explicação particular e social, principalmente em uma sociedade de extrema competitividade, exclusão e mudanças contínuas e rápidas. Mas todos eles tem uma coisa em comum.

Todos e todas se sentem fracos, humilhados, rejeitados e injustiçados. Todos e todas se sentem perdidos e buscam por um grupo, em particular um grupo que lhes garanta que eles não são os fracassados redundantes que se sentem.

E então encontram em uma ideologia que mal conhecem, uma ideia de força, de resgate e auto estima que não encontram fora deles. Encontram uma forma de extravasar sua frustração através da violência que também sofrem.

Não, eu não estou defendendo incondicionalmente estes jovens e nem minimizando seus atos, assim como não faço isso com o nazismo e o fascismo. Eu estou tentando entender o fenômeno para que o combatamos de uma forma mais eficiente, antes que, da mesma maneira que no passado, a catástrofe se espalhe.

Eu estou afirmando que, caso não consigamos atender os jovens que estão, cada vez mais inseguros e fragilizados, eles serão seduzidos pela violência e pela estética da força e união que, ao contrário do que eles pensam, vai transformá-los em assassinos e ceifar mais vidas.

PS: se você achou que esse artigo trouxe uma boa reflexão, pode fazer uma contribuição para o autor pela chave pix lfamst@uol.com.br

Se tiver interesse em desenvolver um trabalho de prevenção junto as escolas, pode me contatar pelo mail que é o mesmo da chave do pix. E, claro, pode apenas compartilhar o artigo.

Muito obrigado.

Amstalden

Live sobre Ciência e sobre negacionismo.

Excelentíssimos e excelentíssimas.  Por Luis Fernando Amstalden

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Segundo o dicionário, as palavras excelentíssimo ou excelentíssima são superlativos da palavra excelente que, por sua vez,  derivam do latim “excellens” que significa literalmente “acima”, superior e muito bom.

Acho que por significar originalmente “acima” é que o termo veio a ser usado tanto para políticos quanto para magistrados e outros cargos.

E de fato, existe alguma lógica no uso uma vez que, enquanto ocupantes de um cargo político ou enquanto representantes de um poder do Estado, pessoas assim teriam um certo destaque em relação as demais.  Mas…

Mas aí está o problema.

Não é que a pessoa em si seja excelente e para sermos justos, tampouco é que o Estado seja excelente. O Estado é um arranjo social imperfeito, embora necessário. Aliás, o Estado tem entre suas imperfeições o fato de não ser ainda plenamente democrático e acabar sendo dominado por grupos que tem mais poder econômico ou até mesmo poder religioso ou de raça, casta ou ainda gênero. Falta muito para que possamos chamar o Estado de excelente e, talvez no dia em que isso seja possível, não precisemos mais dele.

Desta forma, se alguém pertence a uma instituição imperfeita, não é melhor do que os outros a não ser que atue intransigentemente para a melhoria da instituição ou poder.

Mas, voltemos as pessoas. Mesmo ocupando um cargo, o indivíduo em si não é bom, acima da média, excelente e muito menos excelentíssimo. Ao contrário, talvez exatamente por estar em um cargo desta natureza, venha a ser uma pessoa de péssima índole. Tudo depende de que meios ele chegou ao cargo e principalmente do que ele ou ela fazem no cargo e para se manterem nele.

Alguém que usa de falsas promessas, currais eleitorais, contatos políticos, tráfego de influências ou outros meios para galgar um cargo eletivo ou não, pode ser tido como bom, como excelente?

E quanto a magistratura, por exemplo, se alguém foi aprovado ou aprovada em um concurso público, o que isso tem a ver com seu caráter pessoal e, mais importante, com o exercício de suas funções?

Alguém pode ser aprovado em um concurso muito concorrido, seja em um vestibular ou para um cargo. Mas conheci muita gente assim que, ao ser aprovada, usou seus conhecimentos ou suas funções de maneira vil, mesquinha, egocêntrica e até criminosa.

Um exemplo recente foi o da juíza que exigiu aos berros que um depoente a chamasse de “excelência”, mesmo confirmando que o tratamento não era obrigatório e, mais grave, ameaçou desconsiderar o depoimento, o que é claramente ilegal.

Consta que a referida magistrada tem alguns problemas de ordem psicológica, o que explicaria seu comportamento. Bem, isso é compreensível, posto que todas as pessoas estão sujeitas a problemas assim. Mas e os demais casos de erros, arrogância, parcialidade e prevaricação?

Na verdade, o que me levaria a ter um pouco mais de respeito para com a magistratura, seria uma postura mais rígida por parte deles com seus pares que cometem crimes, prevaricam ou são parciais, bem como se eles não usassem de tantos artifícios para obterem mais benefícios econômicos. Em outras palavras, se expulsassem do serviço público quem age de forma contrária aos seus deveres e não apenas os “aposentassem” com salário proporcional. E também que não advogassem em favor de penduricalhos que aumentam sua renda a níveis escandalosos em um país pobre.

Quanto aos “excelentíssimos e excelentíssimas” que ocupam cargos eletivos, nem é bom falar de tudo que me afasta de acreditar em sua superioridade.

Pelo menos em um ponto nossa legislação é coerente: nós não somos obrigados por lei a usar este adjetivo e nem outros tais como “meritíssimo, doutor ou ilustríssimo”.

Eu mesmo nunca usei, nem mesmo quando atuei como testemunha em alguns processos.

Tampouco fui chamado de “excelentíssimo”, até porque isso também não seria verdade.

PS: se você gostou deste texto, e acha que ele foi útil de alguma forma, por favor, faça uma doação para o Blog e para esse blogueiro pela chave pix lfamst@uol.com.br

Qualquer valor ajuda e eu lamento fazer esse pedido, mas não  o faria se não fosse realmente necessário.

Caso não possa ou não queira contribuir, mas ache o texto pertinente, por favor, compartilhe. Grato.

O Natal e a delicadeza. Por Luis Fernando Amstalden

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Eu não sei do que elas eram feitas. Parecia uma espécie de vidro que ao se quebrar, também produzia cacos. Só não eram mais perigosos porque as bolas de Natal, que pendurávamos nas árvores, eram muito finas, tão finas que não chegavam a cortar fundo se nos espetávamos nos cacos.

E para ser mais preciso, nem todos esses enfeites tinham a forma esférica. Alguns eram em forma de gotas, outros de losangos bem alongados e alguns até em forma de frutas. Havia um em minha casa que era em formato de um cacho de uvas e, para mim, era um dos mais bonitos.

Também haviam os que tinham uma espécie de purpurina colada neles ou até desenhos. E eram todos muito delicados. Delicados a ponto de exigir nosso extremo cuidado para tirá-los das caixas, pendurá-los e depois, fazer o caminho inverso até o ano seguinte.

Claro que eles quebravam. Nada é eterno nessa Terra. E é claro que nós lamentávamos quando isso acontecia, principalmente se fossem aqueles enfeites que julgávamos mais bonitos e que  eram, sim, mas antigos. Aliás, quanto mais antigo melhor, porque traziam uma história. Haviam sido de avós, de outros parentes ou comprados muito tempo antes, fazendo parte de uma tradição. Eram objetos que retomávamos, reconduzíamos a luz e à evidência em uma época determinada e não reproduzível em outras datas, daí seu encanto. O encanto do tempo de celebrar e que era curto, não vulgar.

Não sei se estes enfeites ainda existem no mercado. A última vez que fui comprar alguns,  tempos atrás, quando ainda tinha alguém para compartilhar uma árvore de Natal, só encontrei peças de plástico, bem menos bonitas a meu ver.

E quando comprei aquelas bolas de plástico, ocorreu-me o quanto elas eram impessoais. Mais duráveis, sim, mas também descartáveis e sem importância, afinal não exigiam grandes cuidados no manuseio. Não exigiam delicadeza…

Sua dureza nos torna descuidados e até desapegados em um sentido ruim. O sentido de que não temos que cuidar delas.

Parece-me que nos tornamos também duros. Que também perdemos a delicadeza de lidarmos com as coisas e com as pessoas, os sentimentos e, porque não dizer, com a própria vida, seja a nossa ou a dos outros seres.

Prensados pelas exigências do trabalho, da competição, do medo eterno de também sermos descartados da vida dos outros ou do nosso trabalho. Perdemos a delicadeza com o Natal e com tudo o mais.

Claro que as coisas são muito mais complicadas, que nem sempre conseguimos escolher. Mas talvez, talvez, redescobrir a delicadeza ao tratar com um objeto que tem um significado e uma fragilidade próprios, possa nos ajudar a resgatar a delicadeza necessária para com os outros seres, os sentidos das festas e até conosco e com nossa vida.

Talvez seja um pequeno “exercício” que nos leve, depois, a cultivarmos com mais delicadeza uma planta, a vida de um animal, de um ser humano, até porque tudo isso é frágil e exige delicadeza para que não nos deixe antes do tempo.

Porém, as vezes uma situação e uma relação podem ser tão complicadas que se torna insustentável e, então, frágeis ficamos nós e frágil fica a própria situação e, nesse caso, o ato mais prudente é um afastamento que é, também uma forma delicada de reagir.  Algo como não mexer em um objeto que, por sabermos frágil e por sabermos não termos como tocá-lo, é melhor que nos afastemos.

Mas outros objetos e relações talvez possam ser resgatados e usufruídos com delicadeza que temos que reaprender.

Nesse Natal e nesse Ano Novo, eu quero retomar essa atitude mais delicada. Reaprender muito que perdi e aprender outras que nunca entendi direito antes.

Porque o Natal é a celebração da vida. E a vida é frágil. E exige delicadeza.

Feliz Natal e um ano novo cheio de aprendizado e delicadeza a você que lê esse texto.

PS: esse blog não tem patrocínio nem propagandas até para manter sua independência. Para isso precisamos de sua colaboração. Se puder e quiser, se esse artigo lhe disse algo de bom, faça uma doação de qualquer valor através da chave pix lfamst@uol.com.br.


O médico e o  remédio . Por Luis Fernando Amstalden

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Eu li essa parábola em um livro sobre budismo. Como imagino que é uma história de tradição, como outras que estão na mesma obra, tomei a liberdade de adaptá-la e trazê-la para nosso contexto.

Um homem ficou doente e procurou um médico. Na consulta, o médico fez o diagnóstico e prescreveu um tratamento composto de alguns comprimidos que deveriam ser tomados três vezes ao dia.

O paciente então voltou para casa e conseguiu, pela internet, uma foto de seu médico. Imprimiu-a e a colocou em uma mesa. Ao redor da foto espalhou flores, frutas e acendeu velas. Todos os dias, pela manhã, tarde e noite, Sentava-se em frente ao “altar” improvisado e lia compassadamente a receita que o médico lhe dera. Ao terminar, prostrava-se diante da foto e agradecia ao médico.

Evidente que ele não sarou e morreu após algum tempo.

Ele não entendeu que a prescrição requeria a prática, a adoção do remédio.

É assim que acontece com as religiões e, eu acrescentaria, com as ideologias políticas e com as correntes filosóficas. Elas são formas que procuramos para a “cura” de nossas dúvidas, angústias e até dos males do mundo. São instruções e propostas de como agir na vida e no mundo.

Se você adota uma religião, verá que ela traz uma proposta de vida e ensinamentos a serem praticados, como o remédio receitado por um médico. Mas geralmente o que fazemos é louvar o fundador da religião e não praticarmos os seus ensinamentos. Daí ser como não tomar os comprimidos da história e recitarmos a receita sem tomar o medicamento, louvando o médico ou fundador da religião que nos prescreveu o tratamento.

Falando principalmente do cristianismo, religião majoritária no Brasil, penso que a maioria faz isso. Se “toma” os medicamentos, se segue os ensinamentos, segue-os de maneira parcial, escolhendo uns em detrimento dos outros. E, pior, recita os trechos dos ensinamentos da mesma maneira que o paciente da história recitava a receita do médico sem seguir o tratamento.

Também tornamos o fundador em um objeto de culto sem nos preocuparmos muito com o que ele ensinou e, pior, idolatramos aqueles que não são os fundadores, não são os “médicos”, mas falam em nome dele e “interpretam” a receita, ou a Bíblia e os evangelhos, escolhendo os trechos que mais lhes interessam.

Desta forma, o princípio mais importante do cristianismo, que é o amor aos pobres, aos fracos e aos injustiçados, se perde em palavras vãs e escolhas do que é mais simples, afinal, o remédio pode ser amargo de se tomar e viver.

O mesmo ocorre, penso eu, com propostas ideológicas e políticas bem como correntes filosóficas.

Ouço pessoas louvando princípios de meritocracia e lisura moral, à direita, e outras bradando por uma solidariedade para com os pobres à esquerda. Também ouço ambientalistas alardeando a necessidade de um desenvolvimento sustentável. Mas essas mesmas pessoas agem, muitas vezes, de maneira absolutamente parcial, como se escolhessem os  “remédios” que vão realmente tomar ou mesmo sem tomar nenhum.

É o caso de quem prega a meritocracia e o Estado mínimo mas recorrem a relações pessoais para fazer negócios ou arrumar cargos públicos e não hesitam em obter vantagens privadas as custas do Estado.

Também é o caso de quem fala pelos pobres mas se mantém bem longe deles ou, ainda, os ambientalistas de internet que não  fazem nenhuma modificação em seus hábitos e nem mesmo se engajam para cobrar políticos, mas se limitam a compartilhar postagens na internet.

Todos estão optando pelo caminho mais fácil que é o de “recitar a receita e louvar o médico” sem tomar os medicamentos.

E ninguém vai se curar, nem o mundo vai ser “curado”.

Se você gostou deste texto e quiser ser coerente com valores de solidariedade e amor, faça uma doação para o Prof. Thomas Polla. Thomas sofreu um AVC no início de fevereiro e está com o lado esquerdo do corpo ainda meio paralisado. Ele tem um filho especial que precisa de medicamentos e cuidados. Esperamos pela recuperação do professor, mas podemos ajudar no seu tratamento e na manutenção de sua família.

Você pode doar qualquer valor pela chave PIX 11 99630-3189. A conta deverá aparecer com o nome dele ou da esposa, Aline Mora. Eu farei também uma pequena doação até porque também já recebi ajuda e tenho que passar isso adiante.

Se não puder ajudar com uma contribuição, por favor, compartilhe  texto para que mais gente tenha a oportunidade de ler e talvez ajudar.

Grato.

Luis Fernando Amstalden

Oito de Março: minha homenagem as mulheres e uma queixa também. Por Luis Fernando Amstalden

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Dia internacional da mulher, dia de lembrar aluta e o sacrifício não só daquelas que foram mortas carbonizadas na greve de 1857 nos EUA, como também de lembrar todo um passado e um presente de opressões mutilações, assassinatos, repressões e exclusões e tantos outros horrores.

Desde que eu comecei a lecionar, ainda com 21 anos, fazia questão de explicar para minhas alunas e meus alunos a História e o significado da data. Também fazia questão de falar sobre o machismo, suas origens e sua aberração que impede a todos nós homens e mulheres de vivermos bem. Aliás, continuo fazendo isso até hoje nas salas de aula que ainda tenho e nas eventuais palestras para as quais me convidam.

Claro, tenho traços machistas cravados no meu inconsciente. Todos nós, homens, mulheres e LGTBQIA+ os temos, uma vez que somos frutos de uma sociedade machista que nos inculcou tais traços desde a infância mais tenra. Desde que furaram as orelhas das meninas recém nascidas e não as dos meninos. Mas embora eu os tenha, aprendi o suficiente para me modificar e combater tanto minhas concepções sutis e inconscientes quanto o machismo real em mim e no mundo.

Mas, para ser franco, penso que sou muito menos machista que mulheres que hoje negam o feminismo e que se tornam famosas por isso. Alias, também muito menos do que muitas deputadas e senadoras e outras mulheres que agora ocupam cargos políticos.

Anos atrás, fui convidado para um evento no qual tive que ouvir por muito tempo uma vereadora de outra cidade repetindo muitas vezes que o mal do mundo são atitudes do “macho branco” e, nas entrelinhas, que o mal são os “machos brancos”.

Bem, eu sou o que se designa “branco” e me identifico com o gênero masculino. Logo sou um “macho branco” como a vereadora escandia com nojo na sua fala. Poupo vocês que leem este artigo de minha militância antirracista que seguiu os mesmos passos de minha militância contra o machismo e vou ficar na questão do “macho” somente.

Enquanto a jovem falava, fui me lembrando do ano de 2005, quando uma colega foi assassinada, junto com a irmã, pelo próprio marido que ainda por cima baleou para matar a sobrinha. Lembrei-me de como a família pediu minha ajuda enquanto sociólogo uma vez que assassinatos de mulheres costumava, e muitos ainda costumam, terminarem sem a prisão do assassino, que estava mesmo foragido.

Lembrei da campanha que planejei e coordenei e que, graças a ajuda de muitas pessoas, criou uma comoção que levou o assassino à cadeia. Lembrei do abaixo assinado, do ato ecumênico realizado na catedral de Piracicaba, da rede de contatos feita com o Orkut e da pressão que conseguimos fazer sobre a polícia e o governo do Estado.

E lembrei também do inferno que vivi até a prisão do assassino. Inferno que foi desde os atos de covardia, desprezo e machismo puro por parte de pessoas desconhecidas e até de algumas que deveriam estar na luta, passando pelas fofocas que davam conta de que eu havia recebido dinheiro da família para fazer a campanha, até a mais humilhante para a falecida e para mim, a fofoca de que eu seria amante dela e por isso estava fazendo aquilo. E ainda do inferno que foi ser avisado, por duas veze, que minha vida estava correndo perigo.

Lembrei da rede de apoio para outros casos de feminicídio das quais participei via Orkut e muito mais. E, na época do evento, eu protestei.

E protesto novamente.

Continuarei apoiando de todas as formas e maneiras a luta contra o machismo, o racismo, a homofobia e outras muitas injustiças. Faria de novo o que fiz antes e farei se for necessário.  Mas não vou aceitar ser classificado como opressor nato pela cor da minha pele e pelo meu gênero ou orientação sexual.

Não vou aceitar isso, da mesma forma que não aceito que outras pessoas sejam consideradas inferiores, desonestas ou más pela cor da sua pele, pelo seu gênero e pela  sua orientação sexual, tampouco pela pobreza.

De resto, estou aí, companheiras, para o que der e vier.

Mas peço que não tratem quem luta com vocês da mesma forma como tratam quem luta contra vocês.

PS: este blog e o autor precisam de sua ajuda para se manterem. Até porque, pensar livremente incomoda e fecha portas profissionais, prejudicando nossa sobrevivência. Se você gostou deste ou de outros artigos e puder e quiser, faça uma contribuição pela conta PIX lfamst@uol.com.br ou compartilhe se achar digno disso. Muito Obrigado.





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